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6 de dezembro de 2019

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Quem está nas proximidades do cinquentenário saberá do que estou falando.
O filme "E.T." foi um marco do cinema.
A amizade inesperada, o preconceito, a incompreensão inter-geracional, a violência da sociedade, a frieza do cientista face ao "humano". Todos estes temas foram abordados de forma que mesmo as próprias crianças compreendessem. Um filme "pra adulto" que as crianças amaram. O que inaugurou, dentre outras coisas, essa mesma linguagem para os atuais filmes de animação.
Não foi só isso. O diretor Steven Spielberg, no auge, criou uma maneira "infantil" de filmar, com o ângulo de visão da câmera como que manipulada por uma criancinha de seis ou sete anos, dando a exata dimensão desse universo em miniatura.
A cena - hoje incrivelmente banal - da bicicletinha "movida à E.T." no bagageiro subindo aos céus arrancava aplausos fervorosos e lágrimas dos olhos de cinemas lotados.
O mundo mudou. Sempre muda. É mesmo por isso que um comercial de uma entrega de filmes via cabo (justamente o oposto do entretenimento social que representava a ida ao cinema) com o mesmo personagem (um E.T. igualzinho, "tirado do armário", até parecendo meio sem graça de dar as caras novamente), mas com um Elliot de meia idade o apresentando aos seus filhos e esposa (sem conflitos, sem dramas, sem objetivos e sem graça) dá a essa geração elliotiana uma tremenda tristeza, uma sensação meio que de vazio, a sensação de que qualquer emoção é meio fake, pois nada mais assusta ou causa admiração.
Um "E.T." zoiudo com cara de eletrodoméstico não é mais uma exceção.