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22 de novembro de 2016

Um Por Cento de Nada



Uma pesquisa tem dado o que falar este ano.
Pesquisadores fizeram uma espécie de "Enem" (quando me refiro a Enem quero dizer aquele original, que tinha por função avaliar escolas) de médicos recém-formados na cidade de Baltimore (EUA) para que eles demonstrassem o seu conhecimento quanto a real capacidade de tratar certas doenças. Curiosamente, os médicos falharam (e falharam muito) em superestimar suas capacidades, principalmente no que diz respeito aos exames diagnósticos (ex.: mamografia no caso do câncer de mama) e medicamentos (como, por exemplo, os tratamentos medicamentos disponíveis para tratar a osteoporose).
Em alguns casos, a discrepância entre a efetividade dos medicamentos real e a "acreditada" chegou a ser quase de 70 vezes!
Muita ignorância?
Isso em boa parte se explica pela maneira como se ensina. Principalmente como se ensina em sociedades voltadas para o consumo e o imediatismo, como a sociedade americana (e, por consequência, a nossa própria, copiadora do modelo americano). 
Mais ou menos assim:
Doença X, o que se propõe como medicamento?
Isso, isso e aquilo.
Algumas vezes param por aí.
Mas algumas vezes, vai-se além:
Efetivos?
Pouco. O medicamento Y é o mais efetivo.
Conclusão?
Y neles (os pacientes)!
Onde quase nunca se chega é no analisar profundamente os riscos x benefícios, os interesses da indústria, o interesse do professor ou da própria faculdade no promover o tratamento, no abordar o problema com sinceridade com o paciente (muitas vezes no sentido de "abrir o jogo" expondo a inexistência de terapias efetivas), etc.
Então, pela "comodidade" (do ensino, do médico - que sente-se na obrigação de oferecer algo - ou dos pacientes e familiares, que precisam de tábuas terapêuticas onde se agarrar), pela pressão da indústria farmacêutica, ou mesmo pela desonestidade envolvida no processo, o tal medicamento Y vai tendo seu uso consagrado. Mesmo que essa "maior efetividade" chegue a incríveis 1%!