Quem é mais novo que meio século não tem noção do trabalho das telefonistas do passado, que tinham que conectar as péssimas ligações entre um telefone e outro à mão num painel e, além disso, ficar esperando (e escutando!) as conversas até o final.
Tudo isso pela falta de um sisteminha eletrônico que fizesse isso no lugar delas.
Faço na minha cabeça a comparação desse painel de ligações com a atuação médica.
Quando atendemos um paciente mais grave, ligamos um cabo com ele e a família. E até que a ligação seja desfeita (que o paciente melhore, que é o resultado menos trágico e esperado), ficamos com esse cabo ligado no nosso cérebro, no nosso emocional.
Se são dois ou três pacientes mais graves, são dois ou três cabos ligados. E fica difícil para a maioria de nós lidar com muitos cabos a mais. Mas acontece, e para algumas especialidades e situações profissionais, o que acontece é justamente o caos visto na figura abaixo. Dificílimo.
Oncologistas, por exemplo. Precisam ser muito sólidos no seu emocional, para não "circuitarem".
Pacientes costumam compreender essa história, de forma intuitiva. Por isso poupam seus médicos de "ligações inúteis". Curiosamente, muitas vezes até erram ao não informarem que "já estão bem, já pode desligar o cabo!".