Num certo sentido, gosto do Trump.
Gosto do Trump porque sou pediatra. E o Trump é uma criança. E é difícil pra um pediatra não gostar de crianças.
Trump fala o que pensa. Ou, na maioria das vezes, fala sem pensar (se é que pensa).
Trump não tem medo do ridículo, diferente da maioria dos adultos. Se tiver que fazer, vai lá e faz. Desafie o Trump. Peça, por exemplo, para ele plantar bananeira em meio a uma convenção. Se achar que vai ganhar votos, que vai pegar bem, por que não?
Não é lindinho? Não é fofo?
Trump pinta o cabelo de cores duvidosas. E daí? Outros da idade dele também fazem! E pegam a tesoura da mamãe (aquela usada para trabalhos manuais) e cortam o próprio cabelo, com um lado da franja maior do que o outro. Por que só ele não pode?
Trump quer tudo pra ele. Só pra ele. Claro! Pra que dividir com aqueles meninos fedidos ("São fedidos, mesmo, eu falo!") da vizinhança? Pau neles!
Trump vê as meninas com uma certa desconfiança. Prefere brincar só com meninos. Mas aceita, vai, uma menina ou outra!... Velha, não! Vovó Hillary que vá plantar batata! ("Falo, mesmo! Vá plantar batatas!").
Trump, às vezes, chega a ser mal educado. Como toda criança. (Deixa de castigo, ué?! Tira o microfone! Deixa ele falando as bobagens dele assim, só mexendo a boca, sem ninguém pra ouvir. Vê se ele não pede desculpa!)
Não gosto quando dizem que o Trump é feio. Ou bobo. Gente, ele é só imaturo! Quando crescer, ele aprende. Dá votinho pra ele, dá!
Assim como eu, boa parte da população americana admira uma criança. E perdoa as bobagens que as crianças falam. Acreditam nelas. Até o dia em que acordam e vêem aquela criança crescida com uma faca na mão e um olhar estranho no rosto. Pode ser tarde.