Nós temos uma geração que vai verificar na prática os efeitos das tecnologias (jogos, desenhos, luzes, LEDs, sons, teclados) sem que ninguém tenha se preocupado em testar "em laboratório" esses efeitos.
Efeitos sobre a qualidade do sono, por exemplo. Até que ponto gadgets afetam o sono de quem os usam por horas a fio (ou perto do horário de dormir)? E que consequências um sono alterado por estes mesmos gadgets na infância terá nos comportamentos, no desenvolvimento, no aprendizado, nas relações humanas, mesmo na posterior fase adulta? Suspeito que não sejam poucas (haja pesquisa!).
Efeitos na visão. Crianças que "torram seus olhinhos" em aparelhos eletrônicos desde muito cedo já têm começado a mostrar pelo menos um problema: maior incidência de miopia. Serão presbíopes ("vista cansada") com 25 ou 30, ao invés dos habituais 40 a 45 anos? Sei lá! Sabemos lá! Catarata será mais frequente (ou mais precoce)? Cegueira? Provavelmente não.
A capacidade de concentração já se mostra diversa cedo. Progredirá? Será melhor, pior? Um futuro idoso dessa geração terá sua capacidade de lidar com input de dados (qualquer nova informação) esgotada ou melhorada? Alzheimer será mais ou menos frequente por conta dessas coisas? E as capacidades motoras (andar, correr, força para desempenhar atividades corriqueiras) estará comprometida no futuro dessa geração (vemos alguns desses pequenos nerds totalmente desajeitados no manejo - ou no "pelejo" - de uma bola)?
Fones de ouvido certamente "torram" a audição, mesmo em quem usa pouco. Mas... e pros "velhinhos" (auditivos) da geração atual, vai haver solução?
É muita pergunta sem resposta. Ainda que para a maioria delas, as respostas que já temos (ou suspeitamos) assustem um pouco.
E o que dá pra fazer? Atrasar um pouco o uso, certamente. Estimular atividades fora dos gadgets (livros, lápis, brinquedos), também. Ensinar (na prática) um uso menos "viciado" é importante. Estipular limite de horas ainda é muito válido.
Mesmo quem vai lidar basicamente em computadores ou similares a sua vida toda vai precisar ter olhos, ouvidos, cérebro funcionantes (e no longo prazo). Vai precisar, também, de vez em quando, subir um ou dois lances de escada.