Você, como eu, como quase todo mundo, às vezes deve parar pra se perguntar se é mesmo "normal".
Na questão da bipolaridade, para tomar como exemplo - pois é um diagnóstico nem sempre fácil: quantas vezes nos pegamos com atitudes mais ou menos "maníacas" (que são comportamentos chave para estabelecimento do diagnóstico)? Atitudes depressivas, então, mais comuns ainda!
A própria oscilação quente/frio (ou mesmo um ocasional fervendo/congelante) do nosso emocional não nos fornece base evidente de que o que apresentamos é uma "verdadeira bipolaridade" no mais das vezes.
Costumo brincar que "subir num poste pelado à meia-noite" é um bom critério para definir uma crise maníaca (nem sempre interessante como primeira manifestação, a não ser do ponto de vista de quem assiste).
Situações comuns de vida nos põem em "posições maníacas" (um filho que passa num vestibular em universidade gratuita, por exemplo, mas mesmo um belo dia ensolarado numa bela cidade - desde que não se suba em postes!). Assim como problemas ou lutos recentes nos põem em quase permanente estado de tristeza.
Por isso advogo o cuidado/prudência/suspeita com o "diagnóstico de botequim", mesmo quando feito por aparente profissional capacitado (principalmente se ele estiver no botequim!). Até porque muitas vezes o paciente que passa por problemas (sejam de natureza eufórica e/ou depressiva) já está muitas vezes predisposto a um diagnóstico/tratamento psiquiátrico, notadamente por medicamentos.