Não quero voltar às tecnicalidades em relação à vacina da gripe, até porque isso é muito chato (tipos de vírus, vírus circulantes, indicação, riscos, etc.).
Ao que quero voltar é à nossa aparente vontade de nos sentirmos permanentemente em pânico.
É impressionante como notícias sobre saúde têm o condão de fazer as pessoas se desesperarem.
Quem vê as reações dos pais nos últimos dias tem (de novo) a impressão de que pacientes com gripe invadem as ruas de forma semelhante ao famoso clip "Thriller" do Michael Jackson.
Não está sendo assim. Não está sendo assim de novo.
Nosso Zika-pânico voltou a ser HN-pânico. Até que as notícias voltem a esfriar (e o clima volte definitivamente a esquentar) e se eleja (ou reeleja) a doença da vez.
Quanto à vacina, não adianta: É o milagre que todos esperam. Vacinou, despreocupou. Afinal, vacina protege 100%. Vacina evita. Pra que raciocinar, pra que medidas profiláticas outras, se podemos resolver tudo numa agulhada? É a vacina-placebo, no sentido de que nos faz ouvir noticiários aparentemente imunes. Falhou a vacina? Gripei? Remédio-placebo (ainda é o oseltamivir)!
Não à toa, os governos hoje atendem aos clamores do povo. Querem vacina? Não vamos discutir. Façamo-la. É o antiviral? Compremo-lo, ainda que milhões tenham sido desperdiçados em anos anteriores, fruto de injustificados pânicos passados.
Consultórios pressionam laboratórios com a urgência das lojas aos fornecedores do novo modelo do iPhone. É pra já, o povo pede! Não deixemos passar essa oportunidade.
Claro que tudo isso ainda esconde o problema legal associado ao "não agir", ao não atender às demandas de um público apavorado. Pessoas morrerão de gripe (bem como morrerão de qualquer outra doença), mas... a culpa é de quem (não há como pôr um "bicho" tão pequenininho como um vírus no banco dos réus)?
Uma só palavra (de novo) à tudo isso:
Menos!...
Nos últimos anos, algumas pessoas "surfaram" em tampas de bueiros que explodiram no bairro de Copacabana, no Rio de Janeiro. Um fenômeno assustador. Não é um motivo válido pra deixar de frequentar esse maravilhoso bairro carioca. Olhar onde pisa, no entanto, é sempre bom.