Nessa eleição, vamos inovar:
Juntemos candidatos a governo e candidatos a presidência numa sala e façamos logo um leilão:
"Postos de saúde, quem dá mais, postos de saúde, aquele candidato careca do fundo 650, o de sempre aqui da frente, 700, a do governo 1000, é um, é dois, é..."
"Hospitais, hospitais, 5 do PSTV, 15 ali na candidata, 30 no da oposição, alguém dá 40? 40, alguém dá quarenta?"
"Médicos, 10 mil aqui dessa senhora de cabelo vermelho, 15, 15 mil do candidato da coligação Muda Mais Uma Vez Mas Que Seja a Última, Brasil, 30 mil do candidato da direita que só promete porque sabe que não ganha, 40, 40 mil, sendo que 10 cubanos aqui da magrinha do centro..."
Das duas, uma: ou eles acham que é simples (e idiota) assim, ou nós somos mesmo simples (e idiotas) assim.
Saúde não se mede por números, e isso é uma coisa que eles continuam sabendo que nós continuamos a não saber.
"Sonho com um dia" (como diriam eles) "em que os eleitores entendessem que na saúde muitas vezes menos é mais, que hospitais, farmácias, laboratórios, postos de saúde entupidos traduz a falta de uma saúde mais ampla, de felicidade, de completude, de cultura. De vida saudável para afastar a doença, não da indústria da doença pra dissimular carências".
Saúde é um tema quase irrisório em países com educação, pujança econômica e qualidade de vida. Claro, quase ninguém tem isso. E pros que não tem, como nós, o leilão permanece aberto.