Existem motivos válidos para se tratar uma criança febril que chega ao Pronto Atendimento com injeção de antitérmico?
Quase que não vejo nenhum.
Talvez o motivo mais alegado seja aliviar mais prontamente a febre, permitindo que os pais voltem para casa mais tranquilos.
Mas vale a agressão da injeção (num ambiente já muito agressivo para criança)?
De novo, me parece que não.
E mais: se as condutas fossem racionais, o antitérmico já teria sido dado em casa.
Mas aí, dizem os pacientes (com razão): são mandados embora, pois crianças que já estão sem febre (e muitas vezes pulando, sorridentes) não configurarão emergência.
Veja que quem paga o pato é o lado mais frágil: a emergência muitas vezes já passou (ou não existiu, em muitos casos), o médico de plantão opta pela resolução do problema mais óbvio (a febre) na forma injetável (algumas vezes de forma um pouco "vingativa"!).
Poupam-se os bumbuns dos pais e dos médicos. Apenas.
(Já tinha usado esta foto antes aqui. Voltei a usá-la porque acho uma obra-prima da fotografia. A conhecida expressão de pânico da "vítima" é interessante, mas a dor empática do menino de trás é melhor ainda!)