Provavelmente é mais uma vantagem, mais uma proteção do que um defeito, mas uma característica interessante de quase todos nós é a pouca capacidade que temos em aprendermos algo revendo raciocínios errados do passado, mesmo em fatos evidentes para os que "vêem de fora".
Um exemplo comum na pediatria:
Mesmo naquelas crianças em que, em circunstâncias recentes muito parecidas, se mostraram com problemas muito pouco sérios de saúde, no episódio atual, pais correm ao médico preocupadíssimos.
É como se dissesem:
"Agora, dessa vez, pode ser algo sério!"
É verdade, pode até ser. Mas o que desta vez - racionalmente falando - faz pensar que possa ser algo sério?
"Sei lá!..."
É provavelmente um raciocínio intuitivo estatístico: bom, bom, bom, mas às vezes ruim!
De novo: "normal", comum. Mas infeliz, no sentido em que a experiência gera pouca paz de espírito, não aplaca angústias.
E aí, diferenciar "neuras" de mera previdência pode ser meio complicado.
É a batalha diária do pediatra para o que se poderia chamar de preocupação "ao ponto". Nem demais, nem de menos.
Mas é algo que pais também devem tentar aprender.