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11 de maio de 2010

Fórmula Zero


Diariamente presenciamos exemplos da promíscua relação entre a gananciosa indústria e os meios de comunicação, sejam eles oficiais ou oficiosos (estes últimos seguem na tranqüila esteira da citação dos oficiais, amiúde mais perversamente promíscuos).
O exemplo desta semana é um estudo feito em vários centros do mundo (chamado multicêntrico, portanto, o que confere maior status) com a seguinte conclusão:
“Crianças que mamam leite de fórmula* têm o mesmo índice de infecções do que as que mamam leite do peito”.
(* o próprio termo “leite de fórmula” adotado pelos americanos é um eufemismo para “leite de vaca enlatado”)
Não vale a pena entrar no mérito da metodologia empregada no estudo. O que importa é a sua conclusão: quer dizer que todas estas últimas décadas estivemos mentindo para as pobres mães, com seus doloridos seios, empedrados, melecados, quando poderíamos tê-las poupado, já que “tanto faz”?
E mais: o que se lê nas entrelinhas (justamente porque várias outras comparações são deixadas de lado) é de que diferenças nos aspectos emocionais das crianças, diferenças na prevalência de alergias, diferenças na prevalência de doenças metabólicas também podem não existir?
Radicalismos são perigosos. E acho que as mães que por um motivo ou outro não queiram amamentar devem ter seu direito garantido (afinal o filho e o seio são ambos delas!). O que não se pode fazer é manipular dados e fatos largamente fundamentados em benefício de indústrias alimentícias que se vendem como “boazinhas”.
É um crime dos mais danosos para a sociedade em que participam sumidades acadêmicas que vendem suas almas ao diabo (provavelmente não por pouco).

Um pote de Danoninho para quem adivinhar a indústria que bancou o estudo.
Isso mesmo. Danone, que agora patrocina “estudos sérios” da área médica (será que ela tem interesse em que mães não amamentem?)