Não sei se você que me lê tem assistido ao futebol ultimamente.
Virou uma coisa muito chata (pra quem achava que já não era).
Essa nova tecnologia do chamado "VAR" (a conferência por vídeo do lance duvidoso por todos os ângulos, associada a uma "comissão" de experts para julgar se o árbitro principal teve ou não razão na sua decisão - ou mesmo na sua indecisão, ou no seu erro) criou em pouquíssimo tempo uma celeuma muito maior do que se criava apenas com o árbitro e seus "banderinhas".
Mas mais do que isso - e aí é que eu queria fazer um paralelo importante com a Medicina - tem gerado uma nova geração de novos árbitros extremamente inseguros da própria atuação - sem melhorar (ou até piorando) os resultados.
Médicos também têm tido seus vários "VAR" ultimamente. É protocolo enorme de conduta terapêutica, é "medicina baseada em evidência", é uso excessivo de tecnologia laboratorial ou de imagem, é conferência de dados em aplicativos, é até mesmo alguns "VARes" muito parecidos com os "VAR" futebolístico, onde se confere em tempo real, em vídeo direto ou à distância, se não está mostrando alguma incompetência.
O que tem gerado? Médicos absurdamente inseguros, que não confiam no "próprio taco", que não pensam mais por eles mesmos, que não desenvolvem o tão valoroso "feeling" que estão "checando o lance" a cada momento para ver se não estão cometendo erros e, somado a isso, sempre prontos ao surto, ao burnout.
Não é nada interessante, nem se você é o médico e nem mesmo se você é o paciente.
Mas às indústrias interessa médicos frágeis assim. São muito mais facilmente manipuláveis aos seus interesses, vão gerar muito mais lucros.
Não importa que - como os árbitros atuais - sejam muito mais descartáveis.