Não sei se você (como eu) quando você (como eu) tira os olhos do seu smart, tem se perguntado o que mais as pessoas da parte dita "civilizada" do planeta vão fazer (ou seguir fazendo) com os olhos no seu smartphone.
De uns poucos anos para cá, perdeu-se a noção.
É comer (em casa ou no restaurante), é andar de ônibus, trem ou avião (e mesmo dirigindo um carro ou numa bicicleta!), é assistir um (até onde se pode ver) belo filme, é ler livro, é no banheiro, é na sala de aula (professores desistiram há muito de impedir), é na missa (é confessar, fiel de um lado, padre de outro), é transar (há gente que esquece do parceiro, mas não de carregar a bateria), é consultar, é operar, é dar a notícia de que um ente querido está por falecer, é recebê-la, em meio à lágrimas, enxugando a tela do smart.
Você acha que exagero?
A lista das atividades interrompidas (partilhadas) pelo uso do smart era pequena até esses dias, e quem lesse o que agora escrevo iria ridicularizar a relação. Hoje você lê (sem tirar o olho do seu smart), e meio que acha "normal".
Se previu. Houve gente que se preocupou. Conselhos. Proibições. Pedidos.
Passou. É!
Há algo incrivelmente poderoso acontecendo nessas telas. Mesmo que ninguém saiba discernir exatamente o que. E você, se ainda tiver a capacidade de desgrudar um pouco os olhos, irá pensar: escravidão feliz deve ser assim. Quando nem sabemos que somos escravos!