O documentário "Que Raio de Saúde" ("What the Health", apenas mais um título infelizmente traduzido), na programação da Netflix, é também apenas mais um filme de "terrorismo alimentar".
Há coisas boas nele. Mas há tremenda desinformação. E, sobretudo, perigosas omissões, dando a entender que se trata mais de uma série do que de um filme.
Ê certo que devemos moderar (não zerar) o consumo de carne. A questão do leite, embora mais complexa, também tem tratamento duvidoso no filme (aviso: é um filme claramente "vegano"!). A ordem ali é: leite? Nem pensar! O problema é o que colocamos no lugar. "Leite" de soja? Água de coco? Refrigerante? Suco? Cerveja? Volta o leite, com moderação (porque não é mesmo muito interessante que abusemos dele, por vários motivos).
Alimentos embutidos? Precisamos de mais alguém para nos alertar de que não prestam (ainda que - nham, nham! - deliciosos!)?
As partes calamitosas:
Quando uma pessoa qualquer (leiga tanto na área médica quanto nutricional) faz um documentário pobre (em todos os sentidos), corremos o risco de ver informações nutricionais sendo dadas por um "cirurgião do peso", "weight surgeon"! Sério? Isso é uma especialidade? Falando tanta bobagem, dá pra imaginar que escapou das aulas de bioquímica pra se dedicar às habilidades com a faca. Açúcar não tem nada a ver com o acúmulo de gordura? Rasgarei todos os meus livros! Isso é informação que qualquer calouro de medicina sabe embasar.
Mostrar casos de doença específicos não soma nada para uma correta informação, tanto na piora quanto nos casos "milagrosos" de cura pela dieta. É preciso mais do que isso para que adotemos normas de tratamento e, acredite, elas são muito estudadas e muito polêmicas!
Agora... concluir um filme sobre alimentação saudável omitindo nossa "porcariada" do dia a dia (especialmente da infância) como doces, bolachas, pães e bolinhos industrializados, sucos, refris, bebidas alcoólicas (presentes cada vez mais cedo na vida dos adolescentes) e etc. é como contar a vida do Lobo Mau excluindo todos os três porquinhos. Não dá!
Siga a série. E se é pra criar polêmica, melhor chamar o Michael Moore.