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7 de abril de 2017

Pau Mandado


Vou voltar a expressar as minhas angústias.
Hoje em dia a gente é tão pau mandado das indústrias, mas tão pau mandado, que se, por exemplo, eu viesse escrever nesse espaço (ou dar uma enorme palestra) falando mal da companhia Nestlé, eu possivelmente estaria sendo patrocinado por quem? Pela própria Nestlé!
Porque chegou num ponto em que as empresas têm tão estabelecidas suas marcas, seus objetivos para agora e mesmo para um futuro de certa forma longínquo, que elas não estão nem aí! 
Você será dirigido (e talvez até digerido) por elas, não queira se fazer de autônomo, de independente, de livre-pensante ou qualquer coisa do gênero. Não dá mais! São elas que mandam.
Pega a queda do status do médico como mais um exemplo. 
Há algumas décadas, o médico vivia em uma situação de razoável status social. E todos sabiam os motivos disso: árdua carreira universitária, influência direta na vida das pessoas, poder decisório em políticas públicas, e por aí vai. Ou ia.
Hoje o médico sai da universidade ainda com uma falsa impressão de status. Atavismo profissional de alguns séculos. Mas ele já não dá muito pitaco em quase nada.
Os exames dos seus pacientes são pedidos... pelos pacientes. Suas condutas clínicas são ditadas (e julgadas) pelos tais protocolos, subservientes às indústrias farmacêuticas. Na função pública, então, estão na linha de frente do "trabalho escravo", com cargas de responsabilidades inversamente proporcionais ao salário aviltado.
Ou seja, um Dr. Zé Ninguém, ansioso, medroso, acovardado. Bem ao gosto dos seus verdadeiros patrões, que podem fazer dele o que bem entender.



(Esta postagem é patrocinada pela empresa de saúde Viva Bem. Não, não é. Ainda!)