Turning point. Um termo em inglês que significa a "virada", a mudança, seja de percepção ou de atitude.
Sempre fico me perguntando qual é o turning point da criança obesa. Me explico: a partir de que momento pais e avós começam a achar que determinada criança "não está tão bem assim" do jeito que está?
Algumas vezes é claramente tardio, o momento. Quando todo mundo já sabe ou percebeu. Com consequências ruins, com dificuldades para o outro turning point, o das ações corretivas, com muito mais sofrimento para a criança, visto que a obesidade tem um componente cíclico vicioso. Mais gordo, mais sofrimento, menos autoestima, mais comilança...
Outros pais, no entanto, têm o faro certo para os comportamentos alimentares inadequados, para a subida rápida na curva de peso ou mesmo para a inatividade crescente.
Tem cabido ao pediatra estar atento a este último grupo e, sem exageros, discutir com os pais (e avós, sempre com avós!) as possibilidades de ação preventiva ou corretiva para aquela determinada criança. Esses costumam dar pouco trabalho.
Já com os do grupo anterior, o buraco é mais embaixo, como se costuma dizer. Vão necessitar de ações continuadas e de longo prazo, quase sempre com resultados frustrantes. São pacientes que, desde tenra idade desanimam, caem em negação, buscam soluções mágicas, se fazem de vítimas (no que têm apoio de pelo menos um dos familiares). Precisariam de trabalho multiprofissional (apoio médico, psicológico, nutricional), o que só faz acrescentar as dificuldades logísticas, financeiras, bem como a culpa, o desânimo, a frustração.
Entretanto, é bom lembrar que em certos casos, mesmo com a percepção precoce do problema, os resultados são muito ruins. E em outros, tardiamente percebidos, corrige-se com alguma facilidade. Tanto num lado quanto no outro, a genética costuma ser o determinante.