Não sei se você notou, mas é Natal.
Desde meados de novembro, pelas minhas contas.
Vasculhe seu e-mail. Alguém deve ter lhe avisado sobre a data. Talvez uma loja, ou quem sabe duas.
Nas ruas. Um ou outro senhor com uma barba há muito démodé: aquilo é um Papai. Noel. Sempre Noel. Sempre Papai. Cada vez mais mal-disfarçado. O que conta é o símbolo.
No Natal tudo é símbolo. A cara de agrado do vovô com a família reunida, ainda que a família esteja sempre reunida, morando na casa do vovô, nas costas do vovô. A uva-passa da maionese. A pomba branca do cartão Visa. O best-seller que todo mundo ganha mas ninguém lê. A uva-passa da farofa. A mão quebrada do menino
Gesus Jesus de
jesso gesso. A Coca quente de 2 litros. A toalhinha vermelha. A uva-passa no canto do prato. A rua vazia pra cachorrada na noite de Natal. As bicicletas novas do dia 25. A estrada cheia pra praia. A cara de alívio do vovô.
Uma Festa. Sempre igual. Sempre com o mesmo batido roteiro, mesmos personagens. Apenas que mais velhos, e um ou outro novato que começa a ser introduzido ao espetáculo.
Ano que vem terá mais. Só esperemos que demooore!