Eu "cai" acidentalmente num texto de 2010 para o New York Times do psicólogo de Harvard Steven Pinker sobre essa nossa (minha?) preocupação sobre se o excesso de exposição à mídias (smartphones, twitters, googles, etc.) vai de algum modo nos prejudicar, ou prejudicar a mente dos mais novos, mais aficcionados do que nós a esses gadgets todos, reais ou virtuais.
Sua resposta "desinteressada" (pois um acadêmico sem ações do Google, até onde eu saiba) é "não", podemos ficar tranquilos.
Nosso cérebro, escreve, não é tão moldável quanto às vezes nos fazem acreditar. Obter informações diretas e digeridas de um Power Point não vai nos fazer pensar "powerpointicamente" (minha expressão), bem como acessar o Google não nos impede de sermos profundos quando desejamos.
Nossas experiências cerebrais e sensoriais costumam ser específicas ("Ninguém se torna melhor matemático estudando música") Não? Mas algumas vezes nos ensinaram isso! ("Bem como resolver jogos brain-training não te faz mais esperto"). Não? Ó!... Joguemos fora todas aquelas palavras cruzadas! Aprender essas coisas te faz melhor apenas e tão somente nessas coisas e não em todo o resto que envolva a atividade cerebral.
Inversamente, desaprender a escrever nas infinitas mensagens, postagens (epa!) e tweets não nos torna inevitavelmente burros ou analfabetos (exceto se já estamos fazendo enorme esforço independente para sermos - grosseira observação minha, claro).
Excesso de informações e estímulos (escreve Pinker) podem nos distrair das nossas atividades principais e até serem aditivos, principalmente em pessoas com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. Como qualquer outra tentação, Pinker sugere que se coloque um limite para o uso dessas coisas, como desligar aparelhos às refeições ou próximo da hora de se deitar, por exemplo.
"O conhecimento e as informações", conclui, "crescem de maneira exponencial. A capacidade cerebral e o número de horas que se pode ficar acordado, não. Por isso devemos abençoar o aparecimento de mecanismos de busca e estocagem de informação, e não demonizá-los. O que vale é o uso correto, o desenvolvimento de senso crítico, a capacidade de análise. Isso tudo tem lugar para se aprender: as universidades. Usar as novas tecnologias não nos fará mais estúpidos, senão mais espertos".
(P.S.: Desnecessário dizer que muita gente "caiu de pau" nessas opiniões. Para se ter uma idéia, basta dar uma olhada no site Edge)