Um trenzinho avariado para quem adivinhar qual o brinquedo que faz mais sucesso no meu consultório.
Oops! Já dei a resposta!
É isso. Uma porcaria dum trenzinho (ou uma patrola, ou um trator, dependendo da imaginação do brincando). Quebrado, sem pintura (pelo bem da rusticidade, manja?), sem os principais componentes, mas ainda rodando.
Os olhos de muitos dos pimpolhos brilham quando o vê.
Nada de alta tecnologia. Barato (na verdade, me foi dado de graça), inquebrável no que agora resta dele. Dá pra fazer de tudo com ele: inventar mil histórias de personagens viajando, atropelar bonecos, até sair voando.
Ou não fazer nada. Olhá-lo, apenas – pensando na vida.
Esse trenzinho é para mim um símbolo (ou uma metáfora) da infância de tempos atrás: um dolce fare niente, um feliz ócio criativo.
Criança hoje tem que acordar cedo, tem que fazer jazz, sapateado, capoeira, tem que saber tudo de informática, tem que comer pouco senão fica obesa, tem que mandar MSN, tem que namorar, não pode namorar, tem que saber inglês, tem que falar no celular, tem que tirar 10 porque senão não passa no vestibular, tem que ser ecologicamente correta, politicamente correta, racialmente correta, não pode gastar, é pressionada pra gastar, tem que saber do desenho da moda, tem que andar na moda, tem que se preocupar com a briga dos pais, tem que visitar o pai separado, tem que dar uma força para os pais meio instáveis.
Aí começam a aparecer: falta de ar, dor de barriga, dor no peito, bola que sobe e desce na garganta, coceira na pele, aumento de peso, aumento de apetite, dor de cabeça, cansaço, desespero...
“Coisas” que também se viam tempos atrás, mas com muito menos freqüência.
Oops! Já dei a resposta!
É isso. Uma porcaria dum trenzinho (ou uma patrola, ou um trator, dependendo da imaginação do brincando). Quebrado, sem pintura (pelo bem da rusticidade, manja?), sem os principais componentes, mas ainda rodando.
Os olhos de muitos dos pimpolhos brilham quando o vê.
Nada de alta tecnologia. Barato (na verdade, me foi dado de graça), inquebrável no que agora resta dele. Dá pra fazer de tudo com ele: inventar mil histórias de personagens viajando, atropelar bonecos, até sair voando.
Ou não fazer nada. Olhá-lo, apenas – pensando na vida.
Esse trenzinho é para mim um símbolo (ou uma metáfora) da infância de tempos atrás: um dolce fare niente, um feliz ócio criativo.
Criança hoje tem que acordar cedo, tem que fazer jazz, sapateado, capoeira, tem que saber tudo de informática, tem que comer pouco senão fica obesa, tem que mandar MSN, tem que namorar, não pode namorar, tem que saber inglês, tem que falar no celular, tem que tirar 10 porque senão não passa no vestibular, tem que ser ecologicamente correta, politicamente correta, racialmente correta, não pode gastar, é pressionada pra gastar, tem que saber do desenho da moda, tem que andar na moda, tem que se preocupar com a briga dos pais, tem que visitar o pai separado, tem que dar uma força para os pais meio instáveis.
Aí começam a aparecer: falta de ar, dor de barriga, dor no peito, bola que sobe e desce na garganta, coceira na pele, aumento de peso, aumento de apetite, dor de cabeça, cansaço, desespero...
“Coisas” que também se viam tempos atrás, mas com muito menos freqüência.