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31 de maio de 2016

Muita Calma Nessa Hora!




Você, como eu, como quase todo mundo, às vezes deve parar pra se perguntar se é mesmo "normal".
Na questão da bipolaridade, para tomar como exemplo - pois é um diagnóstico nem sempre fácil: quantas vezes nos pegamos com atitudes mais ou menos "maníacas" (que são comportamentos chave para estabelecimento do diagnóstico)? Atitudes depressivas, então, mais comuns ainda!
A própria oscilação quente/frio (ou mesmo um ocasional fervendo/congelante) do nosso emocional não nos fornece base evidente de que o que apresentamos é uma "verdadeira bipolaridade" no mais das vezes.
Costumo brincar que "subir num poste pelado à meia-noite" é um bom critério para definir uma crise maníaca (nem sempre interessante como primeira manifestação, a não ser do ponto de vista de quem assiste).
Situações comuns de vida nos põem em "posições maníacas" (um filho que passa num vestibular em universidade gratuita, por exemplo, mas mesmo um belo dia ensolarado numa bela cidade - desde que não se suba em postes!). Assim como problemas ou lutos recentes nos põem em quase permanente estado de tristeza.
Por isso advogo o cuidado/prudência/suspeita com o "diagnóstico de botequim", mesmo quando feito por aparente profissional capacitado (principalmente se ele estiver no botequim!). Até porque muitas vezes o paciente que passa por problemas (sejam de natureza eufórica e/ou depressiva) já está muitas vezes predisposto a um diagnóstico/tratamento psiquiátrico, notadamente por medicamentos.

27 de maio de 2016

Nem Que A Vaca Tussa




Essas figurinhas acima têm, como você deve ter percebido, algo em comum.
São medicamentos que já na própria embalagem fazem você pensar no seu efeito: as flechinhas "puxam" a secreção das partes inferiores dos brônquios, ajudando a eliminá-la.
Muito bonito. Na embalagem, somente. 
Porque no "vivente" isso não ocorre, absolutamente (nem que - desculpe a brincadeira - a vaca tussa!).
E justamente porque não fazem nada, precisam recorrer ao expediente de enganar o povo com as tais flechinhas "milagrosas". 
Esse suposto efeito expectorante ("puxar a secreção para fora") acontece com muitos poucos medicamentos. Os mais efetivos nesse sentido são os broncodilatadores, remédios ("de verdade") que não são propagados como expectorantes, mas que realmente induzem a uma mobilização das secreções, basicamente aumentando o movimento ciliar da árvore respiratória (por esse motivo costumam dar a impressão nítida de piorar a tosse e a presença da secreção em fases iniciais do uso).
Outro remédio que efetivamente melhora a secreção é o antibiótico, pela diminuição da presença de bactérias na secreção mais "grosseira". Mas aí, é claro que não se deve recorrer a eles a toda hora com essa intenção, pelos evidentes riscos (a resistência bacteriana sendo o principal deles).
Quer uma ótima dica?
Fuja dessas "melecas" com tais desenhinhos. Um monte de coisa inócua!



24 de maio de 2016

Explicação de Almanaque


Ao prescrevermos corticóides para problemas respiratórios em crianças, somos com frequência "chamados" para responder à seguinte pergunta:
- Mas o que que o corticóide faz? Pra que é que ele serve?
E aí, a "melhor" resposta seria mais ou menos a seguinte:
- O corticóide é um desinflamador de vias aéreas e um melhorador dos sintomas associados à inflamação, por vias totalmente diferentes do anti-inflamatório tradicional (chamado não-hormonal).
Não, né? Enrolado demais para uma explicação sucinta e esclarecedora...
Mas... é o que temos a oferecer!
Sim, porque há alguns remédios que se definem numa palavra só. Analgésico: anti-dor. Anti-hipertensivo: remédio para pressão alta. Antiemético: remédio contra vômito. Até os falsos remédios têm explicação mais fácil. É o caso, por exemplo, dos expectorantes, que a tradição do uso pelas nossas avós já consagrou como algo que faria "expelir as secreções broncopulmonares" (tá lá nos Almanaques do Biotônico Fontoura, uma contribuição "preciosa" para a educação médica do povo brasileiro - e de alguns médicos também!).
Tá vendo? Quem manda perguntar?



(ironias a parte, devemos, sim, fazer esforços para tentar esclarecer ao paciente a função dos medicamentos - até porque aumenta a chance da aderência ao tratamento, um problema conhecido aqui como no mundo inteiro)

20 de maio de 2016

Mal Mau de Ibope


Vejo muita gente ficar muito preocupada com doencinhas o tempo todo (ainda que, claro, qualquer cisco no olho de nós próprios é motivo para nos preocuparmos com nossa doença mais do que a "doença dos outros", mas o pessoal exagera). 
Sempre me causou espécie a despreocupação quase generalizada com a tuberculose.
Nessa semana, em artigo no New York Times, um pediatra sul-africano ele mesmo tratado da tuberculose mandou o seguinte parágrafo:


"Today we have an ineffective TB vaccine, insufficient diagnosis tools, TB drugs with pernicious side effects, a growing problem of bacterial resistance to current treatments, and an inexplicable lack of urgency, even though one-third of the planet's population is infected by TB, according to the Centers for Disease Control and Prevention. Some 9,6 million people worldwide became ill with the disease in 2014, and 1,5 million people died. Where is the reflection of this reality in research priorities and overlying policies?"

("Ainda hoje, temos uma vacina inefetiva para a tuberculose (nossa BCG, vacina que na melhor das hipóteses previne formas graves de tuberculose nas crianças, mas que não evita absolutamente a doença - nota minha), meios diagnósticos insuficientes, medicações com efeitos colaterais perniciosos, um problema crescente de resistência bacteriana aos tratamentos atuais e uma inexplicável ausência de urgência, ainda que 1/3 da população mundial esteja infectada pela tuberculose, de acordo com o Centro para a Prevenção e Controle de Doenças (CDC). Perto de 9,6 milhões de pessoas no mundo tornaram-se doentes de tuberculose em 2014, e 1,5 milhão de pessoas morreram. Onde está o reflexo desta realidade nas prioridades de pesquisas e políticas públicas?")

Não há o que tirar nem pôr. É mesmo inacreditável. Se você, como eu, não passou pelo susto da tuberculose, provavelmente leu essas cifras e informações e amanhã já terá esquecido. Mas se queremos eleger uma doença com a qual nos preocupar, taí uma excelentíssima escolha.

Já havia exposto aqui também o meu espanto com as prioridades em políticas públicas (gripe versus tuberculose, nesse caso) em 2010.

17 de maio de 2016

Onde Foram Parar Todas Aquelas Infecções de Ouvido?


Tirei esse título de postagem assim como está lá no site do New York Times porque me chamou a atenção, e também porque é uma pergunta que eu também me faço.
Se diagnosticava infecções de ouvido há alguns anos atrás (coisa de mais de uma década) com muito maior frequência (provavelmente) porque:
(Também como está lá na postagem original) 1) As vacinas (principalmente do pneumococo) diminuíram a incidência de algumas bactérias causadoras de "real" infecção do ouvido (escrevi "real" aqui para diferenciar das infecções mal diagnosticadas).
2) A incidência maior de amamentação realmente protege das infecções de ouvido (ainda que a incidência de amamentação não faz só crescer atualmente, infelizmente).
3) A menor incidência de mães fumantes diminui a incidência de otites (ou pelo menos o respeito ao ambiente da criança - fumo passivo).
4) O melhor critério, a estreiteza no diagnóstico vale (talvez) pra lá (pros Estados Unidos). Aqui não sei se é o caso. Aqui, acredito que o motivo seja um fator mais triste (e aí o único motivo, claro, não listado na postagem deles):
Crianças brasileiras com sintomas de otite costumam ser atendidas onde? Em emergências e postos de saúde. Aí, infelizmente, na presença de mínimos sinais de infecção o diagnóstico vai para... a garganta. Assim mesmo, "chutado": infecção de garganta, ache-se o que se achar! (até porque muitas dessas crianças mal são examinadas). Com o diagnóstico "de sempre", boa parte da culpa recai sobre outro órgão, muitas vezes com o mesmo resultado. Mirou a garganta, acertou o ouvido.

13 de maio de 2016

Fruteira


Causa uma sensação próxima ao desapontamento ainda perceber a postura de algumas pessoas nas novas relações amorosas.
Homens e mulheres "fincam a bandeira" na relação - assim parecem pensar... tendo filhos!
Claro que a motivação não é assim declarada. E nem sempre é assim. Muitas das vezes os novos filhos vêm pelo prosaico motivo do "descuido". Ou com intenções mais nobres, justamente por haver intenções.
Mas, inconscientemente ou não, homens e mulheres parecem querer "segurar" seus parceiros ampliando a família.
O que pode parecer uma boa ideia costuma criar grandes confusões nas relações. São filhos dos pais que têm que conviver com os outros filhos das mães, que por sua vez podem ser filhos de pais que já estão em outras relações, também eles já com filhos próprios do novo relacionamento. E isso tudo com a possibilidade dos ex já não estarem se dando lá muito bem (isso quando não estão francamente se digladiando!).
Novos tempos. Onde os pais vivem mais, vivem mais saudáveis (e mesmo mais tempo atraentes para novas relações), onde as relações tendem a durar menos (algumas vezes absurdamente menos - e ainda assim com frutos), onde aspectos religiosos perdem a importância que já tiveram.
E os filhotes no meio disso tudo?


Pois é. Acho que dá para imaginar... Muito trabalho para psicólogos, pra dizer o mínimo.

10 de maio de 2016

Propostas Para os Novos Tempos no Ensino


Baseado no que a gente vem vendo na mídia, gostaria de propor uma "nova" escola.
Uma escola onde quem "mande" definitivamente seja o aluno. Onde o professor deva pedir licença na hora de falar (isso, claro, se o assunto for de interesse da turma). Onde a direção seja engajada com os novos tempos, as novas tecnologias e - por que não? - as novas modas.
Uma escola com menos grade curricular e mais tempo de férias, feriados e finais de semana estendidos.
Onde se possa andar armado sem dificuldades como revistas, câmeras ou policiais.
Onde os pais (se for do seu interesse) possam decidir o que seus filhos devem aprender, e em que ritmo.
Onde se possa pichar (manifestação artística), pixar (português alternativo), usar drogas (potencialização da capacidade intelectual e/ou criativa), praticar sexo livremente (relaxamento).
Onde - sempre que necessário - se possa recorrer a paralisações, greves, revoltas, quebra-quebras (e, eventualmente, a tomada de um ou outro refém docente). 
Só dessa forma futuros cidadãos adultos e profissionais poderão se preparar adequadamente para as exigências do mercado de trabalho. Só assim desenvolverão capacidades relacionais nos empregos, nas sociedades e nas famílias. Só assim o país dará exemplo para regiões menos democráticas do planeta. 
Comece já. Reclame. Divulgue. Esbofeteie. Cuspa. Exija seus sagrados direitos. O mundo é seu - e só seu - rapá!

6 de maio de 2016

Cliente Satisfeito


Estou eu a andar pelas fileiras de um determinado supermercado (o qual não frequento costumeiramente), quando de repente dou de cara com um setor (para mim) inusitado: panifício (pães, bolos, biscoitos, etc.) sem lactose!
Faz todo sentido existir um setor desses num supermercado. Assim como faria existir um panifício para portadores de hérnia inguinal. Ou um setor de higiene para viúvas, por exemplo (mas não vou ficar dando idéias aqui de graça).
A premissa de um setor desses é a de que alguém que seja intolerante à lactose vai comer um pão (ou um bolo, ou um biscoito, ou um etc.) e vai "passar mal" (seja lá também o que isso signifique). Pelo seu teor "normal" de lactose. Enquanto que nos pães, bolos, biscoitos e etc. daquele esperto (ou ignorante, ou ambos) supermercado, pelo seus baixos teores, não irá sentir nada a mais do que um "gostosinho na pança".
Confunde também essa rede de supermercado alhos com bugalhos (também aí a distinção deve estar feita por setor). Como já escrevi aqui, ninguém vai "ter um treco" ao se alimentar com lactose sendo intolerante. Pode, no máximo, se sentir incomodado com sintomas como excesso de gases, alguma leve dor abdominal, etc. Mas isso vai se fazer essencialmente com lactose do leite (e essencialmente do leite in natura). Não em traços ou em lactose transformada ao se confeitar. Menos!
A confusão se faz com a alergia, que não é à lactose, e sim às proteínas (lembrando que a lactose não é uma proteína, mas um açúcar do leite, e raramente alergênico, ou seja, causador de alergia) do leite de vaca (e essas sim, mesmo em pequenas quantidades poderiam induzir à sintomas até mesmo graves).
Como hoje em dia muita gente se descobre intolerante (e há mesmo muita gente com graus variáveis de intolerância, nada demais), percebe-se um novo filão. 
O filão da ignorância. Mais uma vez.

3 de maio de 2016

Crise nas Gerações


É interessante notar como mesmo em países mais ou menos modelos de assistência social como a França (ainda é) os mais jovens estão em posição de grande desvantagem.
Com seu habitual bate-e-volta no mercado de trabalho, estados têm recusado entrar com mais do que sempre entrou em ajudas sociais a esses jovens (auxílios-desemprego, saúde, bolsas de estudo, etc.).
Já os idosos ainda contam com benesses (auxílio-saúde a 100%, aposentadorias ainda polpudas, auxílio-medicamentos, etc.).
Duas razões são citadas:
A primeira e talvez mais importante, o fato de os idosos ainda terem maior poder de voto (lá, nesses países).
A segunda, relacionada à primeira, o fato de (nesses países) os idosos serem mais numerosos (e, portanto, com maior poder de voto) do que os jovens, o contrário do que acontece (ainda) nos países em desenvolvimento.
Ou seja, tanto lá como cá, os jovens andam em maus lençóis. E estão tendo que "pedir penico" para os mais velhos para manter seus custos elevados. A diferença é que em países como o Brasil, idosos já estão há muito tempo na corda bamba.