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29 de dezembro de 2015

Assim Mesmo


É. 

Então taí, esse bebê...
Daqui a pouco tá grande. Indo pra escola.
Namorando. Namorando uma, duas. Já, já, vai querer casar. 
Me dar netos. 
Meio que parece que foi ontem que era eu aí, deitada, desse mesmo jeito, mãozinha pro lado.
É a vida. 
Assim mesmo.
Parece que nunca vai ser. Tudo pode e tudo vai ser diferente. Vou fazer diferente!
E vira tudo igual... Erros e acertos. Igual.
Não importa. Vale. Vale muito. Vale cada noite acordada, cuidando pra ver se ele respira. Vale cada noite esperando ele voltar da noitada com os amigos, trazendo o carro intacto, apesar de um ou outro excesso de velocidade, de uma ou outra bebidinha, arriscando ser pego pela polícia, arriscando perder a carteira.
Vale. Vale muito, vale mesmo.
Ou não?


Fim de 2015, início de 2016, é o momento exato em que esse blog completa 10 anos de idade.
Sem grandes festas. Não que ele não mereça. Todo mundo, até o mais mísero dos seres merece. 
E ele, assim como qualquer aniversariante na faixa dos 10, também pode se orgulhar de ter me dado muito trabalho, de ter me feito estender noites acordado para cuidar dele.
Sinto, no entanto - e não é uma queixa - que ele perde fôlego nos últimos tempos. Talvez reflexo do seu mentor. Mas acho que mais como um indício de que as novidades, as tecnologias vão em algum momento suplantá-lo, descolori-lo, ou mesmo, ai de mim, sepultá-lo. Não importa. Terá valido. Como em tudo, também ele terá me ensinado a importância dos momentos, o significado do efêmero. 
Isto não é, ainda, um adeus. É "somente" a angústia da maturidade.

Feliz Ano Novo 

24 de dezembro de 2015

Enquanto


Enquanto acreditei na magia do Natal acreditava na magia de tudo.
No Papai Noel, mas também no fato de que a árvore tinha algum significado, por isso se punha presentes ao pé dela. As quebradiças bolas, mais valorosas quanto maiores e mais quebradiças. As luzes desemaranhadas com muita dificuldade para envolver a árvore, cuidando para que as queimadas não se fizessem notar. O cuidado com a alta voltagem, que poderia transformar o Natal numa grande tragédia.
Nosso Papai Noel sempre foi caseiro, Noel no Natal, Papai nos outros dias do ano, sem que desconfiássemos. Quebrava um grande galho, pois na hora H deveríamos esperá-lo reunidos num quarto sem ele - o papai natural, o "verdadeiro" - que tinha a nobre e misteriosa função de recepcionar o velhinho sozinho. Ficávamos a escutar uma sucessão de altas e grossas risadas (ignorando o motivo) e o quase assustador barulho das suas grandes botas, na entrada e na saída de casa. 
Pronto! Era recolher o resultado do encontro!
No tempo da magia, éramos apenas em duas crianças, eu e minha irmã, quase da mesma faixa etária. Líamos um nos olhos do outro a ansiedade, sublime ansiedade que se transformava em alegria à medida em que abríamos os coloridos pacotes dos presentes. Haverá poucos destes momentos numa vida inteira em que tudo era perfeito. A presença dos pais, o ambiente acolhedor, e... a magia! 


Costumo pensar que se algo de bom sobreviveu dentro de nós, foi fruto de momentos como esses.

22 de dezembro de 2015

Manchete


Conta o Dr. Y (Dr. Y é aquele que tem consultório onde até outro dia atendia o Dr. X) que um determinado paciente, após ter sido examinado, sentou à sua frente e perguntou, muito preocupado:
- Não é zica, doutor?
Dr. Y até estranhou, mas respondeu:
- Não, não é zica.
- Certeza?
- Certeza!
- Ah...
- Então, como eu ia explicando, me parece que o que o Sr. tem...
- ... não é zica?
Dr. Y, meio incomodado com a interrupção:
- Não, Sr. ..., isso não é zica!
- Posso ficar tranquilo, então?
- Se a sua tranquilidade vai derivar do fato de que o Sr. não tem zica, então, nesse caso, diria que sim, pode ficar tranquilo, porém...
- Porém o que, doutor, pode falar!
- O Sr., de fato, tem alguma coisa!
- Zica?
- Não, não zica!
- Não zica?
- Definitivamente não zica!
- Ufa!
- Vamos, claro, precisar de alguns testes...
- Teste pra zica? Já tem?
- Não, Sr. ..., não tenho nem noção se já tem algum teste pra zica! Pra falar a verdade, não tenho noção de nada sobre essa tal de zica da qual o Sr. tanto se preocupa. Sua doença provavelmente é até mesmo muito mais grave...
- Pera lá, doutor!
- O que?
- Mais grave? Mas o Sr. disse que... não sabe nada... sobre a... zica?
- Claro! Eu sou reumatologista, Sr. ...! Eu lá tenho que saber alguma coisa sobre zica?
- Nesse caso, como é que o Sr. pode ter tanta certeza assim? É zica! Tenho certeza! O Sr. é que é um desatualizado, que nem uma zica sabe diagnosticar! Muito obrigado! Passar bem!

Diagnóstico também tem moda. Assim como tratamento. Assim como médico... 

Problema é que nosso organismo não dá bola pra isso e volta e meia arruma uma doença velhinha, esquecidinha, sem espaço na mídia, só pra nos sacanear.

18 de dezembro de 2015

Mar de Exames


"Médicos que pedem mais exames têm menos chances de serem processados".
Por que a notícia deveria ser novidade? Novidade se fosse o contrário!
E por que eu fico nessa de defender menos exames?
Por chatura. Por teimosia. Por saudosismo de uma época em que o que valia era a pessoa, o todo, e não uma batelada de papel com números complicados.
Bobagem, digo à mim mesmo. Quando levo meu complicado carro à oficina não quero mais o mecânico entendedor, com pedaço de estopa no bolso do macacão, coçando a cabeça, olhando para dentro do capô. Quero o cientificismo do computador, da análise detalhada, da técnica indiscutível. A mesma técnica indiscutível que criou o carro, que dê um jeito quando algo pifa (ou melhor ainda, quando ameaça pifar). 
Não somos carros. Não somos nós, médicos, que criamos o ser humano. E com milhares de dados à mão podemos ainda assim estar compreendendo muito pouco do que pifa (ou do que ameaça pifar), e talvez seja muito bom parar um pouco à frente do paciente (sem estopa no avental) fazendo considerações à respeito dele, só evitando de coçar a cabeça.
Não é o que povo quer. Seu conceito em relação ao "médico moderno" debandou para o lado moderno, algumas vezes pseudocientífico, com cara de complicado, mais desumano e mesmo totalmente irracional.
Manchetes como as de cima convencem facilmente. Médicos e juízes (vejam que não se trata de serem "condenados", e sim "processados" o que pode ser bem diferente). Pedir "todos os exames possíveis" é sempre sinal de que "todo o possível está sendo feito", ainda que assim se tenha menos tempo para olhar o dono das amostras com mais cuidado.
Já vi grande quantidade de exames possibilitar diagnóstico difícil prontamente. Pacientes que se beneficiaram não querem discussão. No caso oposto (que, aposto, seja muito mais frequente), culpa-se tudo, menos a falha desse sistema. 
Finitude de recursos? Poupança? Impedir desnecessários sofrimentos (notadamente nas crianças)? Não têm sido bons argumentos. 

Paremos, então, de chorar. Que venham as agulhas!

15 de dezembro de 2015

Aposta


Quando uma criança se mostra "boa de bola", um problema se cria no seio da sua família, principalmente se for uma família de baixa renda.
Por que?
Porque todas as fichas começarão a ser apostadas nesse novo talento. E na maioria das vezes esse talento, no confronto com outros talentos, não se mostrará tão espetacular quanto inicialmente se achava.
Alcançar o sucesso em qualquer profissão é difícil. Mas não se começa sonhando com o topo. Vai-se aos poucos pensando em algo mais. 
Nesse tipo de atividade - como com o sonho de ser uma modelo, no caso das meninas muito bonitas - já se começa mirando o topo. Não seria tão problemático, se não fosse fazendo com que os sonhadores fossem abdicando das conquistas mais realistas.
Além disso, no caso mais provável do fracasso, sente o jovem a frustração somada de todos aqueles que de alguma forma investiram nele.
Isso acontece pouco?
Não. Quase toda família tem uma ou duas dessas histórias para contar. Há países mais pobres, inclusive, que "exportam em bando" esses possíveis talentos para depois se tornarem marginalizados quando o esquema falha.
Pais fazem melhor quando ensinam que profissões vinculadas ao "enorme sucesso (futebolistas, modelos, cantores, escritores, atores) vão ser um muito desejado efeito colateral do talento. Mas que é bom se preparar pra um honesto ganha-pão no caso da coisa não dar muito certo.

11 de dezembro de 2015

Linha de Chegada



Esse blog muitas vezes tem cara de diário.
E meio que é.
Por isso vou me aproveitar desse caderno virtual pra manifestar (mais) um estranhamento com (mais) um modismo, desta vez obstétrico:
É a coisa do "pai, quer cortar o cordão"?
O cordão em questão é, como você deve estar imaginando, o cordão umbilical do próprio recém-nascido (nos partos vaginais, já é bom que se esclareça!), e a oferta dada por parte dos obstetras como uma finalização, uma "chave de ouro" para encerrar um parto (principalmente nos partos supostamente "humanizados").
E aí não sei se é para se estabelecer um paralelo, um simbolismo, com outros cordões: o cordão da linha de chegada de uma longa corrida (de nove meses!), o cordão (ou faixa) de inauguração de uma nova vida ou, talvez, o cordão que sustenta um balão de gás na mão da criança que, ao soltá-lo, atinge grandes alturas.
Poético, admitamos.
Mas ainda assim, estranho.
O corte do cordão umbilical (ainda) é parte  de um procedimento médico, "quase cirúrgico". E não vejo o por que (fora o poético) motivo pais devem ter a primazia de fazê-lo.
Quando presencio a súbita oferta, sinto a agonia dos mesmos, com a perspectiva de  - além de ter que ouvir, sentir, compartilhar ais, uis, e até "socorro!" - ainda ter que meter a tesoura entre dois seres (à princípio) tão amados: sua mulher e seu aguardado rebento.
Deixa esse "prazer" pro profissional presente, por favor.
(acho até - mas pode ser bobagem - que pais que animadamente se prontificam ao ato deveriam ter anotado nas suas possíveis futuras fichas criminais: cortou! ou, mais grave: cortou, sorrindo!)

8 de dezembro de 2015

O Atualizado e o Experiente


(ou o Desatualizado e o Inexperiente, como queiram)

Quando nos confrontamos com um médico ("confrontamos" é um pouco pesado, mas pra mim como paciente às vezes serve) vem sempre aquela dúvida, saudável, aliás:
"Não tá "ultrapassado" (como se médico fosse carro de fórmula Um)?"
Ou então, a oposta:
"Não é novo demais, inexperiente demais?"
Um meio termo costuma ser preferido. Nem novo demais, nem "experiente" demais. Por isso, os médicos recém-formados e os meio aposentados ouvem tanto em seus consultórios o canto da cigarra.
Quando fazemos essa análise (por vezes impiedosa da nossa parte: "o cara tá mais pra lá do que pra cá", já ouvi muitas vezes) esquecemos - ou menosprezamos - outras tantas qualidades ou defeitos (se a calça jeans combina com o sapatênis, por exemplo).
Feio, bonito, homosexual, barbudo, gordo, dinheirista, sujinho, consultório de mal gosto, sobrancelha levantada (como mau agouro), tapinha nas costas, receita do próprio punho, etc. são alguns dos motivos que, independente das qualidades médicas de fato podem nos fazer "nunca mais pôr os pés lá".
Isso enquanto temos opção. 
Ou: isso enquanto tratamos o médico (como de resto muitos tantos outros profissionais) como alguém que não pode ser cheio de falhas, como nós mesmos (quando pacientes) somos.



4 de dezembro de 2015

Um Pouco de... Trânsito


Quase metade da população brasileira tem carteira de motorista especial.
Diz lá: "isento de dar sinal".
São pessoas que adquiriram o direito de mudar de faixa a qualquer hora sem precisar avisar a ninguém (eles intuem que os outros intuem suas intenções), que saem do estacionamento "sem mais aquela", sabendo que os outros irão acionar o freio como lhes é devido, que viram à direita na frente dos outros na consciência de que os que estão atrás só têm duas opções para adivinhá-los: ou isso ou esquerda, fácil!
São cidadãos que conhecem seus direitos: direito sobre os outros! Os outros que se virem (é o grande princípio epicurista - ou cartesiano, ou seja lá de quem for - do "os outros não são eu!")!
São pais ou mães que não se importam (ou fingem que se importam) com o que seus filhos vêem. Porque filhos vêem! A cada atochada na frente do seu semelhante, seus filhos vão aprendendo com eles um pouco das suas boas maneiras. Alguns ainda argumentam, porque aprenderam na escola: "Mas, mãe!...", com a habitual resposta: "Ah, é!", que dura até a próxima esquina.
E o pedestre?
A coisa que mais que comove é a mãe ou pai que atravessa a rua com seu filho pequeno de mão dada na faixa colocando a criança do lado de onde os carros vêm! É só falta de inteligência ou é a aposta numa polpuda recompensa no caso de um motorista desavisado? E muitos (as) ainda passam enfrentando os motoristas com o olhar, como quem diz: "Venham!"...

Agora os campeões são os pais de "filhos airbags". Aqueles que vão no banco da frente com o inocentinho no colo, prontos para se protegerem com seus coquinhos de uma possível batida. Com esses tenho que me segurar no cinto pra não descer em pleno meio da rua...

1 de dezembro de 2015

Um Pouco de Osso


Um pouco de cultura óssea craniana ("coc") não faz mal a ninguém.
Por isso é bom lembrar algumas coisinhas dos ossos do crânio:
O osso frontal (testa) e o occipital (parte de trás da cabeça) são os mais "duros" (os mais "feitos para bater" - acidentalmente, claro, e desde que os traumas não sejam muito intensos ou repetitivos).
O osso temporal (osso que "circunda a orelha) é não só o mais fraquinho do crânio, como o mais perigoso nas cacetadas também, pela presença de vaso sanguíneo calibroso por trás dele. Aí, mesmo batidas leves (como os de "canto de mesa") devem ter uma atenção redobrada.
O osso occipital é o osso mais "tortinho" à palpação, e com frequência pais se preocupam (à toa, na grande maioria das vezes) com seu formato, principalmente se em algum momento do passado seus filhos bateram a cabeça nessa região.
O limite desse mesmo osso com o pescoço costuma apresentar "bolinhas" com frequência, gânglios que quando são pequenos (ervilhas) e móveis (escapam do dedo à palpação) não devem causar preocupação.