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29 de julho de 2014

Sem Querer Ofendendo!


Dia desses, ao tentar relembrar com uma pequena paciente alguns dos principais personagens da série do Chaves (faço isso por dois importantes motivos: primeiro, como gesto descarado e deslavado  para cultivar a amizade com o(a) figurinha; segundo, como um pequeno "teste de memória", aprendido em lugar nenhum, mas muito efetivo - para aqueles que gostam do seriado mexicano, naturalmente!), como a menina estivesse experimentando alguma dificuldade de passar dos óbvios Chaves, Kiko e Seu Madruga, confessei que eu também não me lembrava, pois "eu não sou do tempo do Chaves".
Criança olha para os pais sorrindo, achando que era troça*.
Pais se entreolham e comentam, irônicos:
- Ah, ninguém pode ser assim tão velho!



(* troça: zoação, chacota, tiração. Tá vendo o que eu digo?)

25 de julho de 2014

Carne!


Vacuidade existencial.
Brevidade da vida.
Talvez a percepção de que todos nós - humanos e suínos - no fundo, no final da história, não sejamos mais mesmo do que meramente... carne! 

É sempre uma bobagem ficar hipotetizando sobre situações corriqueiras, mas quem vê o vídeo ( http://youtu.be/lFDPQ2ut9EU ) dessa menininha de 3 anos percebe o quanto uma criança já quase nasce filosofando.

As histórias mudam de um momento pra outro, e mudam dependendo de quem as contam. Às vezes o fim é criado do nada, pela preguiça de "esticar" o meio - e pode ser assim na vida, também.
O que mais importa é nos deliciarmos com a narração, sabendo que esse momento é único, deletável, transitório. Inesquecível, até que todos esqueçam.

22 de julho de 2014

Meio Centímetro


Que importância teria para você ter tido meio centímetro a menos de altura?
Essa "terrível" possibilidade - pelo menos pros baixinhos - é o motivo alegado por um estudo ou outro (dois saíram esta semana) para recomendar muito cuidado para quem usa os corticoesteróides inalados (as "bombinhas" de corticóide).
Fico meio irritado com essa história, pois:
Quando se olha de perto os dados (e não somente as manchetes que estes estudos geram), vê-se que nem mesmo este meio centímetro é bem assim. Os estudos não vão longe no acompanhamento das crianças, e muitas crianças crescem justamente o que têm pra crescer, seja um futuro Michael Jordan ou um diminuto jóquei.
A maioria das medicações disponíveis para qualquer doença tem efeitos colaterais muito mais sérios que o "meio centímetro" (principalmente se usados na mesma frequência que os corticosteróides inalados). Efeitos estes que são muito menos propagados (lembro agora de uma dezena de medicamentos dos quais prefiro os sintomas da doença do que seus efeitos colaterais).
No Brasil (sabe-se lá por que, diria que por falta de conhecimento) já há uma grande dificuldade de se convencer os familiares par o uso destas medicações que - arrisco dizer - mudaram o panorama das crianças asmáticas (ou com "bronquite"). Esse tipo de notícia só põe lenha na fogueira do medo das "bombinhas"*.
* Só lembrando que as "bombinhas" mais temidas (mas que entram no mesmo balaio) são as de broncodilatadores, pois estes possuem efeitos colaterais imediatos mais perceptíveis pelo paciente - como a taquicardia (também, quando no uso correto, "inofensiva").

18 de julho de 2014

Tá na Constituição!


Notícia dos jornais desta semana:
Se você tinha dermatite atópica, pode ficar tranquilo, agora não tem mais.
O que você tem agora é um eczema constitucional.
Nada a ver com leis (constituição). Mudaram o nome para deixar mais claro de que a irritação (vermelho, coceira) não depende de alergia propriamente (atopia), mas de fatores irritantes (roupas com fios sintéticos, produtos químicos, sabonetes, frio excessivo, etc.) numa pele constitucionalmente (ou seja, hereditariamente) sensível. E disso ninguém é culpado - principalmente os alérgenos alimentares, que às vezes sentam inocentemente no banco dos réus.
Muda pouco, claro. Mas tem a intenção de dar um fim em investigações desnecessárias com exames laboratoriais (investigações essas muitas vezes geradas pela pressão dos pais para cima dos médicos).

15 de julho de 2014

"O Mistério dos Pés de David"


(Esse David não, esse - como se pode ver - tem os pés alinhados!)

Chega de Copa (talvez pra sempre pra nós, brasileiros)!
Mas ainda quero dar uma última palhinha, pegando o gancho do "craque que virou pó", o zagueiro David Luiz, que começou a Copa aparentemente arrebentando e terminou arrebentado.
David Luiz fez um gol de falta maravilhoso, "de chapa", como se diz (com o lado interno do pé).
Esse tipo de chute (quem joga sabe) tem muito mais chance de dar a direção correta na bola, mas perde em potência. Por isso, o zagueiro teve quase que dar um salto, para dar potência.
Nas entrevistas, explicou que chutou daquele jeito porque tem os pés "dez pras duas" (uma pisada com as partes anteriores dos pés abertos).
E não disse o resto (pelo menos não ouvi): que não consegue chutar de outro jeito (com o lado externo do pé, mais comum, ou mesmo de "bico", um chute mais feio, mas muito forte).
A toda hora vemos crianças com pés "dez pras duas" em consultórios, e os pais se preocupam, inclusive com a questão estética.
A maioria destas crianças são como o David Luiz: não têm um real problema (a não ser, talvez, o estético). Como explica este blog de um ortopedista, são dois os casos mais frequentes: a rotação externa do fêmur (o osso da coxa), que parece ser o caso do jogador brasileiro*, ou a mesma rotação externa, mas da tíbia (o osso da perna). Nos dois casos, na maioria das vezes, não há necessidade de tratamento (até porque não se "rodam" os membros inferiores facilmente com os métodos de tratamento ortopédicos tradicionais).
O interessante pra mim é que em anos e anos (décadas) de janela futebolística, não lembro de nenhum jogador profissional (muito menos de seleção) com pés "dez pras duas"!
As crianças com essa leve deformidade devem, claro, ter capacidade de brincar, de andar de bicicleta, e até de jogar bola. Mas em alto nível... Só conheço o próprio (e agora tô desconfiando muito de que não dá mesmo certo)!

* Por favor, não me perguntem do "outro fenômeno" da seleção brasileira, o tão falado (pelo público feminino) "bumbum" do Hulk!
(mas já respondo - gente, isso é um blog sério! : Hulk claramente tem uma acentuada lordose, outro "defeito" ortopédico comum - também benigno - responsável, pelo menos em parte, pelo seu sex appeal. Argh! > observação pessoal, desculpem).
Que seleçãozinha fonte de estudos ortopédicos, hein!



11 de julho de 2014

Excesso de Nada


Não dá raiva?
Quando você aprende um conceito na área da saúde e vai acreditando em tudo aquilo, até que novas pesquisas provam justamente o contrário?
Não é revoltante?
Quando tudo o que você vinha fazendo conforme as regras do bem viver, do viver saudável, é desmentido?
Não é de ficar ... ?
Quando você percebe que isso acontece mais vezes do que não?
Então...
A novidade do momento é sobre aquela história toda dos radicais livres e dos antioxidantes...
Sempre (esse sempre é meio recente, mas tudo bem!) nos disseram que as células ao serem submetidas a qualquer tipo de stress (stress celular, cujo principal representante é o câncer) produziam maior quantidade de radicais livres (ou espécies reativas de oxigênio, ROS, na sigla em inglês), e que esses radicais livres deveriam ser combatidos pelos antioxidantes, produzidos pelo organismo mas também presentes em muitos dos alimentos saudáveis, como frutas, legumes e verduras (além de certos compostos vitamínicos) para que o equilíbrio se restabelecesse. E que por isso, mesmo para se prevenir o câncer, deveríamos nos alimentar com estes alimentos em profusão.
Meia verdade. Ou até: ledo engano!
Pesquisadores americanos publicaram estudo mostrando que no câncer (ou mesmo até na prevenção dele) alimentos ou medicamentos propalados como antioxidantes - e, portanto, benéficos - talvez façam mais mal do que bem!
E por que?
Porque as próprias células cancerosas (indesejadas) produzem quantidades tão elevadas de antioxidantes quanto dos próprios radicais livres para que o equilíbrio se estabeleça, e elas possam assim continuar se reproduzindo desordenadamente. Um "gás a mais" de antioxidantes rompe esse equilíbrio a favor da maior multiplicação celular - com o resultante desenvolvimento do tumor!
E de fato - explicam os pesquisadores - as terapias que funcionam para o câncer aumentam a oxidação celular, não a diminuem. As drogas quimioterápicas matam as células tumorais através da oxidação. O problema é que essa "oxidação excessiva" produzida pelas medicações judiam das células do restante do organismo.
O que fazer?
Ainda existe a busca das medicações que tenham como alvo oxidante (de destruição, portanto) apenas as células de cada tipo de tumor, poupando o chamado "balanço redox" intacto no restante do organismo.
E até lá: excesso de nada, mesmo de "coisas" que pareçam muito saudáveis (o que não quer dizer comer coisas poucos saudáveis, ô espertinho!). 

8 de julho de 2014

Pés de Barro



"Desgraçado o país que precisa de heróis"
Bernard Shaw


Era uma vez um paisinho.
Gigante - pela própria natureza - mas com idade mental de uma criança desmamada.
Otimista, muito otimista (otimismo esse que às vezes ajuda. Não como única arma. Não especialmente se "baseado em nada").
Rezavam muito. Rezavam quando ganhavam, rezavam quando perdiam. Rezavam para pedir. Pedir até mesmo a desgraça do adversário.
Os habitantes desse país (zinho), habitantes sofridos, na maioria iletrados, tinham poucas alegrias, pouca coisa pra comemorar. Talvez por isso tenham sido levados a criar falsos heróis, heróis de (ironia!) pés de barro
Heróis que nunca fizeram grande coisa a mais do que ... correr atrás de bolas! (cães correm atrás de bolas! geralmente com mais velocidade, talvez com menos habilidade, mas não são idolatrados por isso, nem mesmo por outros cães!).
Viveu esse pais (zinho) numa ilusão de grandeza. Que em outras áreas não se justificava. Que importava? Eram os maiores, naquela coisa (boba, alegre, boba alegre!) de correr atrás da bola!
(E não que não fossem bons mesmo. A sorte, a reza, talvez até mesmo o otimismo fizeram com que alguns poucos gênios da raça aparecessem no decorrer de um século. Gênios estes que, carregando nas costas uma legião de medíocres, transformaram também estes medíocres em heróis).
Precisava este país (zinho, nunca esqueçamos) sofrer uma grande derrota. Uma derrota inesquecível, indelével, dolorida por qualquer ângulo que se olhasse para que - após juntar os cacos - acordasse. 
Passasse então a olhar pra onde estavam os verdadeiros exemplos, os verdadeiros heróis. Aqueles que até então eram menosprezados, os que muitas vezes fugiam da mídia, não os que a abraçavam, os que faziam de um tudo para aparecer nela (a própria mídia cruel, co-responsável, criadora, mantenedora e parasita dos seus falsos mitos).

Nããã, gente, isso é ficção! Não vai acontecer!


Esportivamente, essa seleção merece uma lápide na frente do Mineirão. Com os nomes de cada atleta devidamente registrados, capitão, comandante, e tudo. A presidência pode ficar de fora. Mas na vitória estaria lá...

(como amante do futebol, não resisti em extravasar minhas frustrações com esta Copa neste espaço "nada a ver"...)

Má Fama


De novo, falo por mim:
Quantos casos de anafilaxia vi na minha vida profissional?
Rosca (Zero)!
E mais: não conheço ninguém que morreu por anafilaxia (pois é frequentemente fatal), nem ninguém que conhece, e por aí vai...
Então - de novo, pela minha limitada experiência - aprendi a não temê-la tanto assim.
Imagino que se eu fosse radiologista ou anestesista, temeria muito mais (anafilaxia tem, entre outras causas como alimentos ou substâncias de uso profissional, o uso de anestésicos e contrastes para exames radiológicos). 
Aí a outra questão: o que fazer com um paciente com anafilaxia?
É questão de provas médicas a toda hora: adrenalina (no ambiente hospitalar, e o mais depressa possível).
O interessante é que, em épocas de procedimentos testados cientificamente, não há estudos que comprovem a eficácia de qualquer tipo de tratamento (especialmente outros tratamentos chamados de segunda linha, como corticóides e antialérgicos, que muitas vezes são feitos antes da adrenalina).
Faz-se meio que por fazer, em alguns casos. Até porque é um evento dramático, assustador para quem passa e para quem "assiste". Mas uma dose de oração é também muito necessária!...
Tento ensinar aos meus pacientes: alergia (principalmente por alimento ou medicação) que vai piorando muito rapidamente? Ache a chave do carro e vá se dirigindo pro pronto socorro mais próximo! Melhorou (ou estabilizou) no caminho? Volte pra casa!
(não esquecendo que a anafilaxia pode ser bifásica: os sintomas podem recrudescer em até 72 horas)

4 de julho de 2014

Quem Reparte...

"Quem parte e reparte e não fica com a melhor parte, ou é tolo, ou não entende da arte"

(dito popular)




Para quem não lembra, essa "Santa Ceia" é formada pelos participantes da "selfie mais famosa de todos os tempos" (até agora), na cerimônia de entrega do Oscar (isso só porque no tempo de Cristo não havia smartphone, é óbvio!)



Uma situação comum em muitos lares é a existência de uma criança de peso normal (ou até "meio baixo") e outra obesa.
Filhos dos mesmos pais, convivendo no mesmo ambiente, mas com distribuição genética injusta do metabolismo. E com a mesma injustiça no tratamento dado pelos pais, normalmente.
O magro pode comer de tudo, "bobagens" incluídas.
Ao "fofo" se nega o que pra ele parece ser o lado bom da vida (de novo, as "bobagens", principalmente).
Não pode!
Agrava o preconceito contra o filho obeso (e o principal preconceito é o que nasce já dentro de casa), aumenta ainda mais a avidez pelos alimentos calóricos (a velha história do "proibido, que é mais gostoso") e, como se não bastasse, acende o sinal verde para o filho não-obeso (como se a ele não fosse prejudicial comer as "bobagens" ou excesso de calorias).
Tratamento igual, em termos dietéticos*, quantidade de atividade física (respeitados seus limites, gosto pela atividade e idade) e dos "olhos" colocados em cima dos filhos (pais devem se policiar quanto ao olhar preconceituoso - o que não deve ser confundido com leniência- em direção ao(s) rechonchudo(s)).

* a situação, às vezes necessária (mas, de novo, normalmente não no caso da obesidade) de se fazer dieta à parte para um dos filhos gera conflitos importantes nas famílias

Escuta:
Copa chegando ao fim...
Alguém pode me avisar quando passaremos do "não vai ter Copa" para o "não vai ter Olimpíada"?

1 de julho de 2014

Imagina, Ação!


Muitas e muitas crianças no mundo atual não têm espaço suficiente para brincar, não dispõem de lugares seguros para se exercitar, não acham colegas para atividades físicas até onde suas vistas alcançam.
Verdade.
E o que costumam fazer os pais destas crianças?
Nada! Deixam como estão!
Seres vivos são feitos para se mexer. Crianças, adultos e até mesmo velhinhos. Pais excessivamente ocupados, ambientes urbanos e - acho que só pode ser isso - ignorância das consequências nefastas da inatividade no longo prazo geram um inaceitável conformismo com um estilo de vida sedentário.
Num país míope em políticas públicas de promoção de saúde, quem vai se importar se seu filho vai se transformando num belo exemplar de couch potato, a não ser você?
Sempre acho que os pais já são muito cobrados em tudo hoje em dia, mas existem poucas prioridades maiores na vida de uma criança do que "mexer o esqueleto".
Portanto, há que se ter criatividade, e se pensar em soluções mais apropriadas para cada criança, como por exemplo: trazer para casa algum colega da escola (ou levar para a casa dele se o espaço e as condições forem mais adequadas), "cancelar" o transporte para a escola (se as condições forem seguras), programar alguma atividade que pais e filhos possam fazer juntos (ex.: bicicleta após o horário de trabalho) e, principalmente, seguir fazendo vida afora, sem desculpas (frio, cansaço, final da novela, Natal, etc.)!
Só assim esvaziaremos um pouco os consultórios médicos, laboratórios, farmácias que estão sendo invadidos por pacientes pediátricos que em outros tempos seriam criaturas despreocupadas e saudáveis!