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29 de maio de 2012

DVDa Existencial


A mãe tem seu iPhone, o pai tem o seu iPad, a irmã mais velha tem o seu iPod, por que é que o lactente não pode ter o seu DVD portátil para que coma como um autômato tudo o que os pais resolvem lhe enfiar goelinha abaixo enquanto assiste à centésima reprise do Galinho Douradinho, não é mesmo?
Para que convívio à mesa (já foram muitos meses disso), para que enxergar a comida, comida é tudo igual mesmo, para que aprender a ir a um restaurante olhando e convivendo com as demais pessoas? São pequenos os preços que se pagam em troca de um pai, uma mãe, uma titia ou uma vovó sossegados. Afinal o tal Galinho tira aquilo que a figurinha absorta ali ao lado tem de mais desagradável, o não comportar-se à mesa.
Agora...
Experimenta esquecer (ou deixar cair, ou travar, ou...) o aparelho de DVD!
Ai, ai, dura realidade da vida não dá pra suportar!
BUÁÁÁ!!!....

25 de maio de 2012

O Que Não Mata


Seja qual for sua opinião (que eu até já adivinho), não se pode deixar de reconhecer a ousadia, a coragem e principalmente o estômago do pesquisador inglês Shaun Ellis (não veja antes – e nem depois! – do jantar): ele, para interferir na vida dos lobos introduzidos na floresta britânica, passou dois anos na companhia deles. “Conversando”, acariciando (meio que até demais) e “dividindo a mesa” com eles.
É isso. Ellis dividia as apetitosas vísceras dos animais mortos na floresta, direto da fonte!
E aí a surpresa: disse que nunca foi tão saudável quanto nesse período da sua vida.
Segundo ele, seu organismo (aparelho digestivo e imunidade incluídos) se adaptou aos germes presentes na carne crua dos animais selvagens.
Acreditando ou não (a teoria é bem plausível), seu exemplo nos dá mostra do quanto temos estado medrosos (“borrões”) em relação à presença de germes daqui e dali nos nossos ambientes e/ou mesas e que, embora não devamos ser totalmente desleixados, um pouquinho da velha “vitamina S” (de Sujeira) vai provavelmente nos fazer muito mais bem do que mal.

22 de maio de 2012

Terapia com Leite


Tem muitos TDAH por aí que não são assiiim um TDAH!
E até por isso é bom pensar duas ou mais vezes na hora de se tratar crianças com dificuldades escolares (sempre lembro que, antes de rotular a moçada, devemos prestar muita atenção a três coisas: qualidade dos professores, histórico escolar familiar e imaturidade da criança, que provavelmente preferirá assistir à quinquagésima reprise do Chaves do que uma aulinha chata de matemática).
Mas aí, aqueles que não escaparam do diagnóstico, ainda têm mais um teste terapêutico mais “ligth” antes da tradicional Ritalina (que não é um veneno, mas não se pode negar potenciais efeitos adversos e capacidade de tolerância e/ou dependência): a cafeína!
Doses moderadas de cafeína (duas xícaras pequenas de café, aproximadamente) têm mostrado efeitos muitas vezes similares aos da Ritalina no que tange a melhora na concentração, menos impulsividade, menos agressividade.
A se lembrar, no entanto, que diferentes pessoas reagem (metabolizam) de forma diversa a cafeína, até por isso os resultados são mais difíceis de comprovar com a mesma “dose” para todos.

18 de maio de 2012

Pouco Chique


A luta é inglória: por mais que tentemos explicar aos pais o protagonismo viral nos problemas respiratórios das crianças pequenas, vem sempre alguma pressão para incluir no palco os alérgenos.
Por que?
Acredito que, por alguns motivos, dá mais ibope.
Mas principalmente porque com o vírus não há o que fazer: é deixar seguir seu curso destruidor de narinas entupidas, ranhos, incômodas tosses, alguma febre, alguma dor de cabeça, até que a morte (viral!) os separe.
Já quando se põe a alergia no banco dos réus, aí a coisa é diferente: tem uma montanha de remédios (os de nova geração mais caros que os de geração anterior, claro), tem exames de laboratório para especificar ainda mais a culpa (o dermatophagoides pteronyssinus é um mordomo de nome muito complicado e chique!), tem até especialista médico pra tratar só disso (sobrando pro pobre generalista pediátrico as mal afamadas viroses – argh!)!
Então. Não era de se esperar mesmo que na era da (des)informação, ficamos satisfeitos com uma vil receitinha de analgésico e soro fisiológico nasal, não é mesmo? 


Orwell Avisou 

Localizador digital: é a febre dos jovens nos iPhones. Te acham em qualquer lugar que você esteja.
Grande coisa! Me avisem quando inventarem o escondedor digital...

15 de maio de 2012

O Preto Que Satisfaz*


Duas nutricionistas sem nada melhor para fazer publicaram uma pesquisa sobre o que sentem as pessoas que ingerem feijão.
Quase todos sabemos (principalmente os que estão ao nosso redor), mas a conclusão do estudo foi que o excesso de gases, além de ser uma característica individual – e dependente da espécie de feijão – é mais fruto da percepção de cada um do que exatamente um problema real.
Será?
Tenho minhas dúvidas.
Mas o que chamou a atenção das pesquisadoras foi o fato de que mesmo aqueles que se queixavam de muitos gases inicialmente, foram com o tempo tendo menos incômodos. Ou seja, seus organismos se adaptaram à digestão (ou passaram a perceber menos aquela – vamos chamar assim – “bola de gases” se remexendo dentro de seus aparelhos digestivos).
O mesmo se dá com os intolerantes à lactose. Também se acostumam se persistem, ainda que com algum incômodo.
E aí, para ambos, feijão e leite (não necessariamente juntos) o interessante para a saúde é a persistência.
 
* Esse título que hoje em dia seria considerado preconceituoso (“O Afro-Americano que Satisfaz” talvez fosse melhor) é de um grande sucesso musical dos anos setenta das Frenéticas, gatinhas hoje na faixa dos 60 anos.

11 de maio de 2012

A Fruta, Essa Prost... Essa Incompreendida!


Quando se trata de estratégias para perder peso, muitas e muitas vezes os pais incluem como protagonista a tal da fruta. Assim: “fruta”, sem mesmo nomeá-la, e aí já a primeira coisa curiosa. Como se fruta fosse tudo igual.
Um abacate é igual a uma carambola, assim como um Fusca é igual a um BMW (assim como o Ricardo Macchi é igual ao Dustin Hoffman, a propaganda já nos mostrou).
Parece então que incluir fruta no cardápio faz milagres, ou faz toda a diferença.
Ninguém vai negar as vantagens de uma alimentação mais saudável, com inclusão de frutas (bem como legumes, bem como nozes, bem como... o que mais, mesmo?).
Acontece que, na tentativa das fórmulas mágicas, pais dizem: “Eu falo pra ele, quando está com fome, à tarde, comer uma fruta!”, achando que podemos enganar a vontade de comer uma maria-mole ou um Doritos assim, na moleza. E crendo, na maior inocência, que uma fruta – seja ela qual for – vai fazer o filho perder peso!
A maioria das frutas mais populares (banana, maçã, pêra, etc.) é constituída basicamente de um pool de carboidratos, fibras, vitaminas e sais minerais. Uma beleza.
Mas por quase não conterem nem proteína nem gordura induzem (quando são somente elas nas refeições, nota bene) a uma resposta de elevação rápida de insulina, causando fome logo ali, na esquina do pastel mais próxima.
Resultado? Nenhum resultado esperado. Apenas a vilania de ser forçada como solução da fome de... batata frita com maionese.

8 de maio de 2012

Buracos Suspeitos




Saia tomografando (existe o verbo?) todo mundo por aí à pesquisa de sinusite, tenham os tomografados (existe o adjetivo?) sintomas ou não.
A história vai ser exatamente a mesma que era em relação aos antigos Rx – também para a pesquisa de sinusite: a grande maioria das pessoas com alterações (secreção, espessamento da camada de células que recobre o seio da face, ou ambos) vai melhorar sem fazer nada (dê-se o diagnóstico de sinusite ou não, trate-se ou não)!
A diferença normalmente está nos que “gostam” de ter diagnósticos! Para estes, uma bela tomografia “alterada” (como já era no caso dos Raios X) pode ser uma sentença duma vida se queixando: ai, minha pobre sinusite, tá difícil de melhorar!

4 de maio de 2012

A Maior de Todas As Causas


Perguntado ao ancião Tsun Dehi, da remota região de Urumqi, no noroeste da China, qual o segredo do seu sucesso, como chegou tão intacto aos seus 119 anos de idade, respondeu:
- Ãh?
- Como chegou tão intacto aos...
- Ah!.. Sei lá!
(não respondeu sei lá, respondeu no seu dialeto local: “Num dey!”, mas vamos combinar que foi “Sei lá!”)
Pois é. “Sei lá” é certamente o maior motivo até hoje descoberto pela ciência que faz com que se chegue com (alguma) saúde até a idade centenária.
“Sei lá” é também a maior causa de mortalidade da faixa dos 35 anos de idade em diante.
“Sei lá” pode estar contido em frutas e legumes.
Mas pode estar totalmente ausente, sei lá.
Há quase certeza que haja algum sei lá na fumaça do cigarro – dos que têm filtro, mas... vai saber!
Não podemos deixar de nos cuidar, de levar muito em conta o sei lá nas nossas vidas, pois a qualquer momento podemos vir a ser vítima de...

1 de maio de 2012

Três Letrinhas


Não me entendam mal, não estou convocando ninguém a escapar da vacina BCG, mas se tem uma vacininha vagabunda no calendário vacinal infantil, essa aí senta facilmente no pódio – e isso há mais de 90 anos, tempo em que as ruas do país eram povoadas por carroças (ou carroçadas pelo povo).
Pouca gente pára pra se perguntar:
-Espera, se eu faço uma vacina contra tuberculose ao nascimento, não era pra tuberculose quase não mais existir?
Aí é que está: a BCG é uma vacina que não passa nos mínimos critérios científicos atuais para prevenção de doença por imunização.
É até por isso que muitos e muitos países não a adotam, mesmo que ainda não disponham de nada melhor.
E as estimativas são assombrosas: cerca de 2 bilhões (isso mesmo: bi!) de pessoas no mundo podem estar expostas a um dos germes mais traiçoeiros da humanidade (porque lento, silencioso e de difícil diagnóstico, até que já tenha feito muito estrago), com cerca de 9 milhões de casos/ano e 1,5 milhão de mortes/ano.
Laboratórios farmacêuticos têm trabalhado em algo muito melhor, e a tarefa não é nada fácil, pois as populações são muito heterogêneas nas suas necessidades e estruturas.
Mas as três letrinhas (e as feiosas “casquinhas”) precisam urgentemente ser deixadas para trás.
-Pra que serve essa meleca, então?
Teoricamente, para tentar prevenir a tuberculose em crianças novas, com relativamente pouco êxito.


A cada vez que eu vou ao Correio, penso que o nome, assim como as cartas, está ultrapassado. Pela lerdeza no atendimento, a instituição, hoje, deveria ser chamada de Devagareio – ou mesmo Pareio.