Procure por assunto (ex.: vacinas, febre, etc.) no ícone da "lupinha" no canto superior esquerdo

28 de setembro de 2010

No Olho do Vulcão


O livro Freakonomics é uma interessante análise original mais social do que econômica, tanto é que a continuação já foi lançada.
Sobre a influência da televisão no nível educacional das crianças, cita um dado interessante:

Na Finlândia, um dos países com melhor nível educacional, a maioria das crianças não vai pra escola antes dos 7 anos de idade, mas eles freqüentemente aprendem a ler assistindo aos programas de televisão americanos legendados em finlandês.”

Como no caso da brincadeira com armas, a questão é onde essa criança está inserida.
Na maioria dos lares brasileiros, é televisão de montão e depois... nada mais (diferente da Finlândia*)!
Quem sabe deveríamos ter mais programas legendados?

O que me faz lembrar que mesmo entre universitários brasileiros a maioria dos alunos nas salas de aulas exige que, ao se exibir algum filme com finalidades didáticas, o professor escolha a opção “dublado” (por pura preguiça mental de ler legenda)!
Chegará o dia em que os alunos dirão: “Mestre, manda o original, sem legenda?”

* Finlândia é aquele país que exporta fumaça de vulcão pro mundo. São tão letrados que o próprio nome do vulcão é uma aula de ortografia: Eyjafjallajoekull !

24 de setembro de 2010

Realidade (Apenas) Virtual


Supostamente nós, adultos, cheios de bagagem de vida (ai!) percebemos a diferença de algo real e algo totalmente fantasioso, não é mesmo?
Tenho sérias dúvidas...
Mas crianças e adolescentes podem ser muito mais facilmente fisgados pelo que enxergam – e principalmente pelo que fantasiam. É próprio da idade (ainda que o mundo adulto esteja progressivamente se infantilizando).
Esse papo todo é pra falar das propostas mundo afora (a Inglaterra e a Austrália estão na vanguarda) de se colocar um freio nas fotochopagens (Photoshop, você sabe, é o processo digital de transformar a Fera na Bela num clique de mouse, eliminando barrigas, culotes, estrias, celulites e joanetes).
Psiquiatras britânicos afirmam que a exposição a imagens perfeitas da mídia levam com freqüência a alterações do humor, relacionadas a insatisfações com o próprio corpo, o que nas pessoas predispostas pode acarretar transtornos alimentares.
A alteração das imagens virou moeda corrente em jornais e revistas. E não é somente na área da estética feminina. Personagens e paisagens são acrescentados e suprimidos, proporções são modificadas, cores são realçadas. Não há volta.
O que se pede é pelo menos alguma espécie de “selo de autenticidade” das fotos, para que possamos ter certeza que aquilo que se vê não é a realidade.

21 de setembro de 2010

Alimentos que... Emburrecem!


Daquelas coisas que muito irritam, mas que a gente vê na TV todos os dias (e ontem foi só mais um dia, assim como anteontem):
- Açaí baixa o colesterol.
- Duas maçãs por dia evitam o diabete.
- O tomate...
Enche, não enche?
Como é que um determinado alimento vai mostrar esses efeitos?
Pega-se um turma com colesterol alto (ou com glicemia alta, ou com qualquer outro parâmetro alto ou baixo) e diz-se:
-Aí galera, a partir de agora, pra vocês, é só melancia, OK? Por 6 meses!
E mesmo que isso fosse possível, e mesmo que fizesse realmente baixar o colesterol (ou a glicemia, ou o que quer que seja), como ter certeza que foi a melancia (ou o açaí, ou a maçã) que fez a moçada melhorar?
Há centenas de outras variáveis envolvidas na melhora ou não dos parâmetros. Há quase sempre uma ridícula margem estatística de melhora para se tentar justificar a tal fruta (ou o legume ou a castanha-do-pará)!
Grupos testados já são previamente mais ou menos saudáveis e sujeitos a melhores ou piores respostas (haverá certamente grupos que melhorarão seu colesterol com Sonhos de Valsa).
A gente já sabe que um abacate deve ser mais saudável que um Danoninho. Imagina-se que uma pêra provoque menos problemas para o colesterol do que um hambúrguer. Mangas devem ser na melhor das hipóteses inofensivas (exceto quando caem nas nossas cabeças).
Mas se alguém espera ficar mais saudável numa dieta de mangas (ou de pêras ou de abacates) já sofre de pelo menos dois problemas:
Credulidade e ignorância.

17 de setembro de 2010

Sangue de Barata


Pode ser mais uma maluquice, mas acho essas idéias bem interessantes.
Um determinado cientista matutou:
“Visto que as baratas são bichos que vivem impunemente nos locais mais sujos (e conseqüentemente infectados), que tal achar alguma molécula responsável por essa impunidade (ou imunidade)”?
E a procura dá-se no cérebro das bichinhas (talvez porque dali seja mais fácil se extrair alguma coisa), com algumas coletas de moléculas potencialmente úteis para a fabricação de novos antibióticos.
Segue-se roubando idéias da natureza.
Afinal, não foi exatamente assim com o primeiro antibiótico (a penicilina, extraída de cultura de fungos por Alexander Fleming)?
O que também me pôs a matutar:
Espera! E se alguém achar que o seu querido vira-latas também anda fuçando muito lixo por aí? Esconda-o dos cientistas!

14 de setembro de 2010

Entre o Pau e a Espada


Você tem percebido como os sites de poker online têm aumentado – e gradativamente assumindo um maior espaço em comerciais (principalmente nos intervalos de eventos esportivos televisionados)?
Para estes sites, a possibilidade do jogo online junta sua fome com a vontade de comer.
Jogos pela internet são fáceis de acessar, são uma natural fuga da vida real e permitem aos neófitos o jogo gratuito – até que os que tenham tendência ao vício sejam fisgados para o jogo a dinheiro.
Para os donos de site, basta jogar a rede (na rede!).
Quem vicia perde tempo, perde amizades, perde até o emprego, mas principalmente pode perder muito dinheiro (afinal, jogar sem apostar dinheiro parece muito com dançar com irmão ou comer chuchu, tem muito pouca graça!).
Além disso o poker tem cara de algo de status (filmes e livros sobre o tema sempre abundaram, como The Sting, com Paul Newman e Música do Azar, de Paul Auster – isso pra só ficar nos Paul!), o que tem levado muitos universitários “descolados” a caírem mais facilmente nesta perigosa rede.

10 de setembro de 2010

Vovô Viu o Ovo


Uma pergunta freqüente:
-Comer ovos aumenta o colesterol?
Objetivamente, um estudo de uma década atrás publicado no NEJM (New England Journal of Medicine) considerou a média de um ovo por dia como um limite absolutamente seguro para os níveis de colesterol.
Acontece que...
A equação “comer colesterol, aumentar colesterol” não funciona dessa forma simplista.
O colesterol sangüíneo é resultado de uma interação complexa de nutrientes.
As gorduras saturadas da dieta, por exemplo, aumentam mais o colesterol total do que a ingestão do próprio. O “pecado” dietético atual (excesso de carboidratos) também influencia – e muito – o colesterol total.
Então, deixa o ovo quieto! (como culpado dos níveis de colesterol).
Outro detalhe: estudos como os citados acima, além de serem muito difíceis de serem feitos, não levam em consideração dietas com excesso de tudo (excesso de sódio, por exemplo), o que termina por elevar colesterol, glicemia e influencia o risco cardiovascular de forma importante.

(há a propósito no mesmo NEJM o relato de um senhorzinho de 88 anos de idade comedor compulsivo de 25 ovos por cerca de 15 anos com níveis normais de colesterol. A explicação provável? O organismo se adapta!)

Vale a reflexão:
Eu preferiria dar uma boa quantidade de alimento quase tão antigo quanto o homem na Terra do que um “chips” diário para um meu pimpolhinho.

7 de setembro de 2010

Atitude Imperdoável


Vou contar um segredo pra vocês, mas não espalhem.
Pediatra – assim como obstetra, ortopedista, etc. – cansa.
E também precisa dormir.
E descansar.
E viver outras coisas que não a sua profissão.
Ao se decidirem pelo ofício, pediatras têm (ou deveriam ter) como pré-requisito o gosto, o amor pelas crianças.
Mas não o ódio, a aversão ao travesseiro. Nem ao passeio com o cachorro, a pelada do final de semana, o chope, o shopping, o cinema.
Conheço vários colegas (a maioria, e pro seu próprio bem) que ao se ausentarem dos seus eternos postos de vigilantes da saúde ou ao desligarem celulares vão inventar mil desculpas, menos dizer que estão cansados, que acordaram indispostos ou que estavam – imagina! – dormindo!
Sério, já ouvi mais de uma vez a pergunta em algum restaurante:
-Ué! Pediatra come?

2 de setembro de 2010

O Mico do Pó


Dentre as histórias que ouvimos em consultórios que dá vontade de apoiar o cotovelo na mesa e discretamente começar a chorar está a tal da “alergia” respiratória das crianças pequenas.
Alergia respiratória em crianças pequenas (principalmente aquelas menores de 3 anos) é como cometa: a gente até sabe que existe, mas é muito menos visto do que se poderia esperar.
Tosses, narizes entupidos, corizas, chios no peito e etc. têm um grande e principal culpado: vírus (e no plural, muito no plural!).
Bebês e pré-escolares são virgens de viroses e funcionam como verdadeiras esponjas dos vírus das pessoas que por perto deles passam (e, notem bem, mesmo que não estejam resfriados ou gripados).
Acontece que...
Acontece que tratar, medicar, indicar exames para doenças virais comuns não dá Ibope, deixa pais – e mesmo alguns médicos – frustrados.
Por isso é mais chique, mais interessante, mais tchan (e totalmente errado) vir com essa de “alergia”! (há remédios para alergia, há exames pra alergia).
Alergia nasal e brônquica precisam – além de genética – de tempo para se “criarem”, tempo de exposição dos alérgenos comuns para anticorpos de alergia (as imunoglobulinas E) se formarem, não vão já se manifestando no berço.
Pais não precisam saber disso. Mas não devem ser iludidos do contrário.